A ICONICIDADE NA ORONÍMIA DA MESORREGIÃO SUL MARANHENSE: uma análise reflexiva para o ensino médio
Léxico. Onomástica. Orônimos. Sul do Maranhão.
Os estudos toponímicos, em seus diversos campos disciplinares, compõem um caminho concreto rumo ao conhecimento das diversas comunidades linguísticas e de seus aspectos históricos, socioculturais e cognitivos, de forma a perceber as inter-relações existentes entre o homem, os lugares e os termos que nomeiam esses lugares. Nesse cenário, este trabalho está vinculado ao projeto Atlas Toponímico do Estado do Maranhão: Análise da Macro e Microtoponímia - ATEMA, e centrou-se no estudo dos orônimos da mesorregião Sul Maranhense coletados em cartas do IBGE que contemplam a região pesquisada. O estudo objetivou conhecer os fatores motivacionais e icônicos que envolvem a língua e os objetos que ela representa no processo de nomeação dos elementos geográficos dos municípios da mesorregião Sul Maranhense, com o léxico oronímico, a partir de uma abordagem onomástico-toponímica, de forma a contribuir com o ensino de Língua Portuguesa no Ensino Médio e com um Produto Técnico-Tecnológico. Para tanto, objetivou-se, de forma específica, inventariar os orônimos e analisar os processos de nomeação; conhecer os fatores que envolvem a língua e os objetos que ela representa no processo de nomeação dos acidentes geográficos dos municípios situados na mesorregião Sul Maranhense; analisar aspectos linguísticos e extralinguísticos que motivaram a nomeação dos acidentes físicos de natureza orográfica; perceber a maior recorrência das categorias de análise; refletir sobre o léxico toponímico nas aulas de Língua Portuguesa e suas implicações no processo de ensino-aprendizagem; e registrar os dados coletados em um produto técnico tecnológico de fácil acesso para que a comunidade tenha conhecimento, através de um guia topoturístico. O estudo teve como arcabouço teórico de forma direta os estudos do léxico e de Toponímia, com Biderman (1998), Dick (1990; 1992), Isquerdo (2004; 2012) e Castro (2012); de Iconicidade, com Neves (2004); e da Linguística Ecossistêmica, com Couto (2007; 2014). A metodologia segue os princípios da Toponímia, com ênfase no modelo de classificação taxionômica de Dick (1992), e segue uma abordagem qualitativa e quantitativa com os dados pesquisados, por meio da investigação de documentação realizada em mapas oficiais do IBGE, escala 1:100.000 e do ATEMA, com pesquisa bibliográfica e documental. Os resultados demonstraram que a inter-relação língua-natureza é bastante relevante, visto que os nomes de natureza física se sobressaem em relação aos de natureza antropocultural; e que a iconicidade que circunda as classificações dos nomes analisados, demonstram a não-arbitrariedade toponímica. Foram analisados 305 orônimos, distribuídos em 71 orônimos na microrregião da Chapada das Mangabeiras; 98 na microrregião do Gerais de Balsas e 136 na microrregião de Porto Franco, ao longo de 17 cidades, tornando possível a percepção das motivações dos espaços oronímicos. Nesse sentido, a maior recorrência classificatória foi dos acidentes de natureza física, com destaque para os zootopônimos e fitotopônimos. Ressalta-se ainda os fatores icônicos acionados no modo de escolha dos nomes, precisamente com a presença da metáfora e da metonímia, mecanismos cognitivos que são perceptíveis atuando de forma complementar no processo nomeador. Ademais, a perspectiva ecolinguística faz-se presente no que diz respeito aos dados, visto que a inter-relação entre o ambiente, a língua e o homem revela-se como fator importante na nomeação dos lugares.