PRÁTICAS DE LEITURA DE ALUNOS DE ESCOLA PÚBLICA DA CIDADE DE IMPERATRIZ/MA: uma análise sociológica
Prática de leitura. Periferia. Pobreza multidimensional. Capital cultural. Currículo escolar.
O desenvolvimento e a consolidação de uma leitura proficiente e acurada são objeto de análise de diversas subáreas da Linguística, como a Psicolinguística, a Sociolinguística, os estudos sobre Letramento, entre outros. Nesse sentido, esta pesquisa1 apresenta uma análise das práticas de leitura de alunos de escola pública, a partir de uma investigação sociológica das condições de letramento e aquisição de material impresso, considerando os contextos de periferia e empobrecimento. O principal objetivo foi investigar se contextos empobrecidos e periféricos podem ser desfavoráveis para se promover a consolidação de práticas leitoras autônomas e escolarmente rentáveis. Questiona-se: o desenvolvimento leitor desses alunos deve ser compreendido tão somente como resultado de sua própria responsabilidade e esforço individual? A hipótese inicial é de que um estudante pertencente a um contexto de pobreza multidimensional pode sofrer desigualdades no jogo escolar, particularmente quanto ao desempenho leitor expectado pela escola. A relevância consiste em perceber as estruturas sociais, desiguais e excludentes, como fundadora de desigualdades educacionais. O método de investigação seguiu o modelo qualitativo-crítico de Carspecken (2011). A pesquisa possui caráter exploratório, a partir de uma experiência de cunho etnográfico que durou cerca de um semestre letivo. Os argumentos se sustentam em um quadro de referência estruturalista (CRESWELL, 2010; GIL, 2002), porque consideram a estrutura social como geradora de desigualdades educacionais. Optou-se por um estudo de caso sob a perspectiva dos perfis sociológicos de Lahire ([1997] 2004). Como aporte teórico, elencou-se contribuições da Psicolinguística, da Sociolinguística e dos aspectos sociais e culturais do letramento, a partir dos estudos de Freitag (2020), Kleiman (2004a; 2004b; 2009; 2012) Soares M. (2004; 2007; 2009; 2017), Bortone (2009) e Koch (1993). Utilizou-se, também, os conceitos sobre pobreza multidimensional, apresentados em Cobo, Athias e Matos (2014) e Costa P. et al. (2010). Para discutir ideologia e formação do currículo escolar, recorreu-se à teoria de Apple ([1979] 2008) e Bourdieu ([1982] 2015; 1987; 1971). Os principais resultados demonstram que estudantes empobrecidos e periféricos sofrem desigualdades no jogo escolar e apenas a escola não poderá ser a salvadora de problemas sociais estruturalmente mais desiguais e excludentes.