ANIM(E)SCOLA: “O Castelo Animado”, de Hayao Miyazaki (2004), como estratégia
didática para o (re) conhecimento da consciência socioambiental no espaço-escola
Anime; Educação; Multiletramentos; Sociedade; Meio-Ambiente.
A educação se torna instrumento de dominação quando não objetiva a transformação social (Freire, 2013). No neoliberalismo-capitalista as práticas pedagógicas são mercantilizadas, configuradas de tal modo a tornar o sujeito em mão de obra qualificada, barata e acrítica (Mariano et al. 2019). Isso é observado, em anos mais recentes, nas páginas da Base Nacional Comum Curricular (Brasil, 2017), que focalizam em treinar o educando para o campo empresarial. Nesse contexto, a classe hegemônica consegue perpetuar as divisões de classe, ao retirar de grupos dominados o direito a uma educação emancipatória, isto é, capaz de auxiliar
no processo de desenvolvimento da reflexão crítica. A utilização da educação como ferramenta de manipulação ideológica no neoliberalismo se baseia na lógica capitalista de exploração do homem pelo homem, que iniciou, nas primeiras sociedades humanas, com a dominação do meio ambiente (Singer, 2010). Por esta razão, faz-se relevante trazer ao espaço-escola discussões referentes a relação entre natureza e sociedade, pois de acordo com Fisher (2020), mudanças sociais significativas só são realmente possíveis quando pensamos, analiticamente, a estrutura dominante e como ela causa e perpetua diferentes desigualdades. Assim, selecionamos o longametragem em anime “O Castelo Animado”, idealizado por Hayao Miyazaki (2004), para discorrermos acerca de questões socioambientais. Visto que se trata de uma narrativa
multimodal, realizamos a leitura da obra por uma perspectiva multissemiótica (Cazden et al. 2021), considerando as múltiplas linguagens que circundam a construção da narrativa, como o texto verbal, as imagens, as cores, o movimento, o som etc. Por fim, criamos uma sequência didática baseada na pedagogia dos multiletramentos (Cazden et al. 2021), desejando indicar para professores do Ensino Médio possíveis maneiras de auxiliar os alunos a desenvolverem os multiletramentos por meio da leitura dos recursos multisemióticos do referido filme e evocando, simultaneamente, reflexões ecológico-sociais. Esperamos que essas contemplações ajudem os estudantes a pensarem as formas como organizações político-econômicas de cunho mercadológico exploram predatoriamente a classe trabalhadora, igualmente exploram a natureza (Marx, 2014).